Rimas, falsetes e falseados e palavras que se confundem, se afastam e se juntam numa estrofe ou estribilho de um par de coisas ou coisa alguma

A linha reta

Uma linha reta, não é 
mais que uma reta...;
um quadrilátero compacto
a traçar mais que o infinito,
nem tão infinito...,
que se finda em uma parede,
em ortogonal à reta. 

Pessoas em pé acompanham as 
[brechas;
escutam os compassos
do vagar dos passos 
em procissão carregando
as pesadas cruzes de lágrimas e 
[suor. 

Neste quadrado,
há sentar, alguém espera;
um banco encravado,
no piso cinzento.

Donde se olha os cantos,
procurando ângulos,
mais que perfeitos; 
o momento oportuno,
em que a linha intercepta,
e um vértice se formará.

Do bolso, se tira as horas,
e o tempo levanta, 
espraia-se, é chegada;
então há um pórtico;
o engaste preso ao chão;
rente aos sobressaltos,
dos passos que agora,
lhe batem as costas.

Alguém o segura,
alguém o larga;
alguém há de sentar, 
e põem-se a contar,
novamente, 
qualquer coisa,
que o faça ali estar. 

Pássaro noturno

Qual um cego feito pelo nome,
o latim de seu dito cujo assume,
nas cercanias noturnas da cidade,
olhos desideratos pela fortuna.

Por entre o breu, asas escuras
rastejam na terra, maculam os céus.
manchas aladas que perambulam
[em véus.
Platinadas formas movedouras,
que no sereno há de enegrece-las.

E, enquanto, os céus fechados trombeteiam
a vagem do errante sibila e desce,
quente como o inferno, ao tempo suplantam
o mascarado som dos ouvintes, e aquiesce
no domo que encobre a todos.

Da face o sentido suplica,
algo que corta os pelos escuros
de olhos vibrantes e sinistros
a alma da morte por ele que vaga
que engole o vento, os olhos e a carne.

Pássaro noturno, que a fornalha hás de fazer;
tornar-se nítido à imagem dos que te vêem,
que instante que seja por mais aturdido
ganhaste a fama dos que da noite vivem
e corroem os espíritos nos dias perdidos.