Rimas, falsetes e falseados e palavras que se confundem, se afastam e se juntam numa estrofe ou estribilho de um par de coisas ou coisa alguma

O nundo que se espera

Há um canto, de onde se olha,
de cima e baixo, se desvela,
o contorno das formas
uma ideia, um mundo
[o qual se espera.

São às tardes festivas que se
aprumam ao ritmo da estrofe,
e nelas vivem as histórias
e fazem coro e alegria de todos
[tal como se devia.

Porque o que há no mundo,
além de seus problemas,
é achar aquelas alegrias,
e sorrir quando encontra-las;
o grande ter, a adoração.

O passarinho no galho,
o mais alto, o mais difícil,
o mais sublime, o mais
de todo o inesquecível,
é aquele antes, o do polso.

E depois, o canto.
O que há naquele silêncio
audíveis ao fundo,
quando há é um quê
de penas, de madeira e de vida?

Porque o que há no mundo,
quando há um tempo,
e a chuva ameaça cair,
é adoração de esperar,
a passageira felicidade.

Por entre a berma

A vida vira uma brecha,
um lance a qual se precisa
em todo instante agir,
mesmo quando não de sabe
o que lá encontrar.

Vago eu na vida instante,
um muro que sobe sobre,
e sobre o todo engole,
as bermas de todo sempre,
tal um mudo que fale.

Ele nem sempre é,
foi enquanto existia
através de um nome:
era a brecha que havia,
e seu lugar no mundo.

A berma das tardes de sons,
de gostos e sensações,
dos refrigerantes na mesa,
e do estoque na dispensa,
e tudo lá fazia sentido.

Agora, penso eu de lá,
a vida que me brechou...;
quando tanto se estreitou?
e a berma em mim esmagou?
E tudo era um faz de conta.

E tudo passou, até a berma;
a brecha nos meus olhos,
que pregam por agir,
mesmo quando não há
o tempo para ir.